Relação entre agrotóxicos, desequilíbrios ecológicos e pandemia é tema de seminário virtual

Indícios apontam que a Covid-19 pode ter sido originada pelo consumo de animais selvagens em um mercado de alimentos na cidade de Wuhan, na China. O fato é que a disseminação do vírus desencadeou uma pandemia mundial e vem reforçando a importância da ligação da natureza com a comida e a saúde da humanidade. Preocupado com os impactos da crise na segurança alimentar da população, o líder do PT na Assembleia Legislativa da Bahia, deputado Marcelino Galo, promoveu um debate virtual nesta terça-feira (21) sobre a relação entre agrotóxicos, desequilíbrios ecológicos e pandemias.

“Não se pode falar em defesa do meio ambiente e não se discutir e combater os agrotóxicos, essa verdadeira calamidade que prejudica a vida e a saúde das pessoas, e que contamina nossas águas, nossos rios. Do mesmo modo, a pandemia nos atinge como um enorme impacto global, com quase 80 mil brasileiros e brasileiras que perderam suas vidas, desestruturando suas famílias e com consequências muito severas nas relações sociais e com o meio ambiente e sua preservação”, ponderou Marcelino.

O engenheiro agrônomo e coordenador Adjunto do Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agropecuária, Leonardo Melgarejo, fez um alerta para a gravidade das ameaças dos agrotóxicos à saúde humana, e defendeu a necessidade de migração para uma visão mais agroecológica. “Precisamos acordar antes que seja tarde demais, e esse acordar seria migrar para uma agricultura verdadeiramente sustentável. A agroecologia é algo que precisa estar relacionado não só a manutenção de ocupações produtivas, mas aos caminhos da água, a fertilidade do solo e assim por diante”, observou.

As características e diferenciais da pandemia da Covid-19 foram destacadas pela médica da USP e docente do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública no Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz, Lia Giraldo. Segundo ela, o novo coronavírus tem uma gravidade maior pela sua velocidade de transmissão e pelo tempo de permanência do vírus circulando em um determinado local, além da potência elevada de perdas de vidas humanas e econômicas. “Além de tudo isso, a crise política instituída no Brasil também contribui para que essa pandemia para nós tivesse características distintas dos outros países, com o agravamento das desigualdades sociais”, acrescentou.