Universidade Federal do Recôncavo criará Comissão da Verdade

“Embora criada após a Ditadura Militar, a UFRB nasceu incorporando a Escola de Agronomia da UFBA, palco de inúmeros episódios de resistência à ditadura militar e de intensa violência do Estado, que atingiu os membros de sua comunidade”.

Segundo Marcelino Galo, nesta época, com a incorporação, a UFRB passou a ser responsável pela preservação da memória do período que se refere a seus servidores e estudantes. O parlamentar petista sugeriu que a universidade ajude a sistematizar os depoimentos e documentos para restabelecer a justiça e preservar a memória do país.

O reitor da instituição de ensino superior, Paulo Gabriel Nacif, confirmou a instalação da Comissão da Verdade da UFRB. “Essa comissão é um assunto em que temos uma convergência muito grande de vontades e também muitos atores dispostos a contribuir, a participar, a construir e gestar. Há um apelo tanto do Estado quanto da sociedade civil para que o Brasil possa se reencontrar com ele mesmo e preservar a nossa memória, e as lições que tiramos dela. A UFRB tem esse compromisso de ajudar neste processo nacional, que também é o encontro com a gente mesmo, com a história da UFRB”.

A verdade nos territórios

Para o deputado e presidente da Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa, as universidades públicas são parceiras fundamentais para a verdade, a memória e a justiça. “Poucos ambientes sofreram tanta vigilância, tanta repressão, como as universidades. Isso pode ser só o começo, podemos ter Comissões da Verdade Territoriais. As universidades são estratégicas neste processo. É preciso não repetir os erros do passado”, afirma Marcelino Galo.

Segundo Marcelino Galo “a UFRB pode, se assim entender e respeitando a sua autonomia, ajudar a criar uma Comissão da Verdade do Recôncavo da Bahia, envolvendo as representações territoriais, pesquisadores, sindicatos, câmaras de vereadores e outras instituições públicas e da sociedade civil. Não depende somente da universidade. É preciso que entendamos os territórios também na dimensão da memória. Por enquanto a UFRB já presta grande contribuição ao criar a sua própria Comissão da Verdade. Mas esse pode ser um caminho para ampliarmos o número de informações e de parceiros neste processo coletivo”.