O ministro da Cultura nos governos Lula e Dilma, Juca Ferreira, recebeu nesta sexta-feira (10), na Assembleia Legislativa, a mais importante condecoração oferecida pelo legislativo baiano, a Comenda 2 de Julho. Proposta pelo deputado Marcelino Galo (PT), a solenidade para entrega da honraria foi marcada pela defesa da cultura como eixo central do processo civilizatório brasileiro, da democracia e com críticas à direita e ao governo Michel Temer (PMDB). Antes da solenidade, o público contou com apresentações do Balé Jovem de Salvador, da escola de dança da UFBA e da fanfarra Mestre Mário, que executou canções de festas populares da região do recôncavo baiano.
“No Ministério da Cultura, Juca Ferreira quebrou velhos paradigmas, resignificando o entendimento oficial sobre a cultura e iniciando um processo de estruturação do que mais tarde se transformou em um marco verdadeiramente histórico: a construção de uma Política Nacional de Cultura, fruto de um amplo e frutífero processo democrático, com a participação efetiva da sociedade brasileira. Lamentavelmente tudo isso que foi construído por Juca e por Gilberto Gil vem sendo destruído pelo governo golpista”, afirmou Galo, que destacou as contribuições do homenageado à Bahia na luta ambientalista e cultural, na defesa da democracia e contra desigualdades sociais. “Juca Ferreira fez parte de tudo que ocorreu de mais pulsante e ousado na cultura baiana e brasileira desde Getúlio Vargas”, acrescentou o parlamentar, entoando no plenário o “Fora Temer”.
Após receber a condecoração, Juca Ferreira criticou o que classificou como desestruturação institucional do Brasil a partir do impeachment da presidente Dilma Rousseff e defendeu novas eleições diretas para o reestabelecimento da democracia no país. “Uma homenagem dessa me dá mais força para continuar lutando pelas coisas que acredito, e eu acredito nas eleições diretas”, afirmou, emocionado, Juca, que lembrou ainda dos 20 anos que passou preso, vivendo clandestinamente e exilado no exterior durante a ditadura militar, além de toda sua trajetória de quase 50 anos de vida pública. “Na volta (do exílio) poderia ir para São Paulo, Rio de Janeiro ou Bahia. Escolhi a Bahia e me reencantei. Quando passo um tempo fora sinto muita saudade”, confessou Ferreira. Entre as mensagens enviadas em homenagem à Juca Ferreira, lidas na solenidade, estavam as do ex-presidente Lula, de Gilberto Gil e do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Também participaram da solenidade familiares do homenageado, artistas, produtores e gestores culturais, o reitor da Universidade Federal da Bahia, João Carlos Salles, o reitor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Silvio Soglia, Zulu Araújo, da Fundação Pedro Calmon, Flavio Gonçalves, do Irdeb, a senadora Lídice da Mata, o vereador de Salvador, Silvio Humberto, o cantor e compositor Gerônimo, a coreógrafa Lia Robatto, a professora e doutora em dança Dulce Aquino, o artista plástico Juarez Paraíso, representantes da Polícia Militar, o deputado Bira Coroa e as deputadas Maria Del Carmen e Fabíola Mansur.
Trajetóriana Bahia – Além de ministro de Estado, Juca Ferreira foi secretário de Meio Ambiente e vereador de Salvador, membro do Conselho Estadual do Meio Ambiente e assessor da Fundação Cultural do Estado. Também é cofundador do Movimento SOS Chapada Diamantina. Participou no início da década de 1990 da construção do Projeto Axé, em Salvador, ao lado do italiano Cesare de Florio La Rocca.