Opresidente da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública da Assembleia Legislativa da Bahia, deputado estadual Marcelino Galo (PT), solicitou às Secretarias de Segurança Pública e da Justiça e Direitos Humanos do Estado, nesta quarta-feira (7), medidas protetivas aos moradores da Ladeira da Preguiça, no bairro do Comércio, Centro Histórico de Salvador. Vítimas no dia 2 deste mês de agressões de guardas municipais, que acompanhavam uma equipe da secretaria de Urbanismo da prefeitura do Salvador na demolição de um muro em área que seria de propriedade da Santa Casa de Misericórdia, Geovana Miranda Santos, 41 anos, e Gumercindo Vieira Santos, 73 anos, solicitaram apoio da comissão por temerem represálias e pela própria vida. Outros moradores, que temendo sofrer perseguição não quiseram se identificar, endossaram o pedido de apoio. Eles relataram no encontro com o parlamentar que os agentes chegaram sem disposição para o diálogo, sem mandato judicial, com ameaças e armas em punho, agindo de forma violenta com cassetetes e spray de pimenta. Depois do incidente, na localidade a rotina é de medo.
“De todas as formas eu tentei amenizar, conversar e convencer o chefão que veio na frente, de prenome Raimundo, pedindo pelo amor de Deus, mas eles foram irredutíveis, dizendo que a ordem era para derrubar”, relata Gumercindo, que é funcionário público aposentado e mora no local há 30 anos, ao fazer referência ao muro da discórdia, que divide o terreno pertencente a Santa Casa de Misericórdia da sua casa, reforçado por ele para garantir mais segurança a sua família. “A gente fica com medo, porque todo mundo sabe que hoje tem muita violência, e aqui só mora eu, minha filha que faz esse tratamento contra o câncer de mama e meu neto, que tem dislexia,”, observa. Giovana, que sofreu lesões na perna direita e nos ombros direito e esquerdo, rebate a alegação da guarda municipal de que agentes teriam sido agredidos por moradores da comunidade.
“Os guardas que começaram agredir, eu fui agredida, empurrada. Todas as pessoas que estavam na situação vieram em minha defesa e na defesa de meu pai. Marcelo veio em nossa solidariedade, e acabou por apanhar muito, porque bateram muito nele, sufocaram ele, jogaram spray de pimenta nele. A esposa dele, que também saiu em sua defesa, também foi agredida pelos guardas. Ela tem marcas e hematomas nas pernas e nas costas”, conta Santos se referindo a Crislene Oliveira de Santana. “Eu faço tratamento contra um câncer de mama, com as agressões que sofri dos guardas municipais fui lesionada na parte da minha cirurgia e na parte da perna e não sei as consequências que isso pode ter para minha saúde. Tememos por nossa integridade e por nossa vida”, enfatiza ela, que também deu queixa na delegacia dos Barris, fez exame de corpo de delito e pretende procurar o Ministério Público.
Galo classificou a ação da prefeitura como truculenta, arbitrária e desastrosa e lembrou que esta não é a primeira vez que prepostos do prefeito ACM Neto agem desta forma em Salvador. "Não faz muito tempo fizeram uma ação similar na comunidade da Favelinha, na Pituba, e também com ambulantes no Corredor da Vitória. O que nos parece é que a prefeitura quer promover uma limpeza, uma espécie de higenização social, o que é, no mínimo, um absurdo e inadmissível", afirmou Galo. "No caso aqui da Ladeira da Preguiça, vamos fazer um ofício solicitando do secretário de segurança, Maurício Barbosa, e da secretaria de Justiça e Direitos Humanos, que estas pessoas sejam incluídas no programa de proteção e assistência a vítimas de violência, visto que elas temem por sua integridade e também pela própria vida.É inadmissível que uma situação como esta ainda ocorra em Salvador sob o guarda chuva do poder público municipal”, afirmou o deputado Marcelino Galo.