A 3ª Mostra de Dança promete reunir pelo terceiro ano seguido dezenas de estudantes, profissionais e grupos de dança do Estado, a partir do dia 14 de abril, no auditório Jutahy Magalhães. A atividade, de iniciativa do deputado estadual Marcelino Galo (PT), dura três dias e já se transformou num marco cultural na Assembleia Legislativa da Bahia, contando ainda com a realização de uma sessão especial, no dia 16, comemorativa ao Dia Internacional da Dança, celebrado em 29 de abril.
Uma das novidades para 2015 será a entrega da Comenda 2 de Julho para o professor e coreógrafo Carlos Morais, considerado um mestre da dança clássica no Brasil e um dos fundadores do Balé Teatro Castro Alves; para a professora, pró-reitora de extensão e ex-diretora da Escola de Dança da UFBA, Dulce Aquino; para coreógrafa, professora e pesquisadora em dança, Lia Robatto, considerada um fenômeno da dança cênica entre as décadas de 50 e 60; e para o precursor da dança afro-brasileira, Mestre King, primeiro homem a se graduar em Dança pela Universidade Federal da Bahia.
“Precisamos apoiar projetos culturais que garantam a continuidade das companhias de danças, coletivos de dança e artistas independentes que tenham trabalho consolidado na Bahia. Além de assegurar investimentos que garantam a qualificação na Memória da Dança, o que é fundamental para a produção de conhecimento”, afirmou Galo, ao adiantar que este ano haverá participações artísticas do Ballet do Teatro Castro Alves, da Escola de Dança da UFBA, da Escola de Dança da Funceb e do Grupo de Dança de Mestre King.
Durante a Mostra, vários grupos de Escolas de Dança e de comunidades participarão das atividades, além de Companhias Profissionais de Dança da Bahia. Como em 2014, diversos grupos de Dança das escolas públicas se apresentarão, após um processo seletivo feito em toda a Rede. Nesta edição, o número de grupos das escolas públicas deve dobrar de 5 para 10. Entre os objetivos da Semana da Dança na Assembleia Legislativa da Bahia estão a Formação de platéia, divulgação da Dança e o debate sobre as políticas públicas para o setorial.
Mini-biografias:
Mestre King
Raimundo Bispo dos Santos, 72, baiano conhecido internacionalmente como Mestre King, professor e coreógrafo, desenvolveu um método que misturava elementos de danças folclóricas e populares brasileiras como as dos orixás do Candomblé, que resultou na dança afrobrasileira. Ele montou mais de 100 coreografias e dividiu seu conhecimento em diversos países do mundo. Mestre King foi o primeiro homem a se graduar em Dança pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Considerado pai da dança afro, ele é precursor da dança afrobrasileira como elemento do repertório cultural baiano. Mestre King também é uma das maiores autoridades em tradições da música e dança afrobrasileiras.
Lia Robatto
Nasceu em São Paulo e se formou em dança com as pioneiras da dança contemporânea no Brasil, Yanka Rudzka e Maria Duschenes. Veio para a Bahia com 17 anos, na época da fundação da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia – UFBA, a primeira escola de nível universitário no Brasil.Veio como assistente de Yanka e aqui conheceu Sílvio Robatto, seu marido. Casou e se estabeleceu na Bahia. Hoje tem o título de Cidadã Soteropolitana e tem dois filhos músicos da Orquestra Sinfônica da Bahia e professores da UFBA. É professora de dança, coreógrafa, pesquisadora, publicou livros na área de dança. Também é produtora cultural, tendo atuado junto à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia; foi presidente do Conselho Estadual de Cultura e hoje é conselheira. Atua muito como parecerista para as leis de incentivo e também como júri de prêmios e bolsas.
Dulce Aquino
Considerada primeira-dama da dança e da coreografia na Bahia, a dançarina, coreógrafa, pesquisadora e professora Dulce Tamara Lamego Silva e Aquino dirigiu em 1965 e por muitos anos a Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia, fundada na década de 50. Dulce Aquino foi uma das pioneiras entre as acadêmicas que se matricularam para o primeiro curso de dança em nível superior do Brasil, o da Bahia. Não havia nada parecido no Brasil, que mal conhecia o balé clássico com muitas lacunas. Dulce estudou, dançou, pesquisou e criou teses revolucionárias para o movimento e a dança no país. Como chefe do Departamento de Artes Cênicas, propôs a criação do Concurso Nacional de Dança Contemporânea. Participou das bancas examinadoras para formação de alguns dos mais importantes profissionais do país, e criou momentos importantes para a arte na Bahia.
Carlos Morais
Há mais de 50 anos, Carlos Moraes enveredou pela dança e já passou por companhias de renome no Brasil e no exterior, como o Balé da Cidade de São Paulo e o Balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Convidado por Dalal Achcar, ex-diretora artística da antiga Ebateca, Escola de Ballet do Teatro Castro Alves, ele chegou à Bahia em 1971. A ideia era passar apenas um mês dando aulas, como substituto de um maître de ballet inglês que não mais voltou. Gaúcho de nascimento, ele foi um dos fundadores do Balé Teatro Castro Alves, do qual também foi coreógrafo, diretor e professor. Bailarinos e professores acreditam que Moraes contribuiu muito para a profissionalização da dança na Bahia e para quebrar preconceitos em relação aos homens no balé. Carlos Moraes é considerado um mestre da dança clássica no Brasil.