O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista da Bahia, deputado Marcelino Galo (PT), condenou a tentativa de censura a pesquisadores da Fiocruz por chamar agrotóxicos de veneno em pesquisas realizadas no Estado do Ceará. O caso foi tornado público nesse mês de fevereiro depois do pesquisador Fernando Carneiro ser notificado por meio de uma interpelação judicial movida pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC). Na ação, além de questionar os dados apresentados pela pesquisa produzida pelo Sistema Único de Saúde, havia orientação para que o pesquisador chamasse os agrotóxicos de “defensivos agrícolas” e não de “veneno”.
Para Galo, a exigência dos ruralistas também fere a própria legislação federal que conceitua essas substâncias como veneno, do contrário não haveria nos rótulos desses produtos a caveira. “É um precedente perigoso a ciência e para população, que tem o direito à informação, pois esses agroquímicos são responsáveis por danos à saúde humana, ao meio ambiente e à biodiversidade. Já temos pesquisas que comprovam a relação danosa causada por esses princípios ativos à vida. Tanto que muitos produtores, que fazem o uso indiscriminado de agrotóxicos em sua propriedade, não tem coragem de consumir o alimento que produz. Por que será?”, indaga o parlamentar, autor de projetos de Lei, na Bahia, que institui a Política Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica e que prevê a proibição do uso de agrotóxicos banidos em seus países de origem. “Os ruralistas provam, mais uma vez, não ter compromisso com a saúde pública, com a ciência, a vida e a comunicação em saúde”, enfatizou Galo, que é engenheiro agrônomo.