Fechando o Mês da Dança com chave de ouro, o deputado Marcelino Galo (PT) propôs Sessão Especial para celebrar a arte corporal na Faculdade de Dança da UFBA. O evento aconteceu na quarta-feira (25), e foi um grande ato político em defesa da classe artística, da dança, da democracia com a presença de professores e estudantes, que lotaram o Teatro Experimental da faculdade.
“Há seis anos celebramos a Semana da Dança na Assembleia Legislativa e ocupamos um espaço de disputa política com a arte corporal e com a participação de diversos grupos de dança”, disse o deputado petista. Para Galo, o objetivo de promover o debate na ALBA é sensibilizar de forma política para a arte. Assim como o parlamentar acredita ser fundamental ocupar o espaço político com a arte, também crê essencial debater a política cultural na academia. Durante o evento, foram debatidas as políticas culturais implementadas nos governos dos presidentes Lula e Dilma Rousseff, também foi discutido o desmonte cultural de Michel Temer e a política que está sendo discutida que pretende extinguir o registro profissional da classe artística.
Registro
Estudantes da Faculdade de Dança apresentaram manifesto contra votação que pode extinguir a exigência do registro profissional (DRT) da classe artística. A decisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal pode acabar com a obrigatoriedade de diploma ou certificado de capacitação para o exercício das profissões de artista e técnico em espetáculos de diversões.
Para os estudantes, o reconhecimento profissional fruto de anos de luta está sendo ameaçado. Dulce Aquino, diretora da escola de dança da UFBA, diz que a faculdade está viva e se mobilizando. A professora acredita que as artes precisam pensar num Brasil mais igualitário e se movimentar para isso.
O ex-ministro da cultura, Juca Ferreira, considera que esta corrida para acabar com a DRT de artistas é um movimento para precarização do trabalho. “Esta discussão não está isolada. Ela está ancorada no debate da reforma trabalhista e da previdência”, disse. Juca diz que o ataque vai continuar aos direitos conquistados pelas mulheres, pela comunidade LGBT…
Democracia
Os presentes criticaram o desmonte das políticas culturais do governo de Temer. Juca Ferreira lembrou da primeira ação do governo do presidente que foi a de extinguir o Ministério da Cultura, que com a pressão dos profissionais da área não foi adiante. O ex-ministro também falou sobre a Lei Rouanet e como ela está sendo executada no atual governo, privilegiando os grandes grupos culturais.
Ainda assim, Ferreira se diz otimista e acredita na mudança da situação. “O Brasil não cabe no projeto deles. A diversidade brasileira não está ali representada”, disse.
O vice-reitor da UFBA, Paulo Cesar Miguez de Oliveira, acredita que a revitalização da democracia passa pelo fortalecimento de todos os segmentos sociais. “A sociedade precisa se levantar a favor da democracia”, disse.
Semana de Dança
Este é o sexto ano seguido que a ALBA realiza a Semana da Dança, que contou com a apresentação de 60 grupos artísticos e estudantes de escolas públicas do estado. A Mostra de Dança contou com apresentações de dança de salão, tango, gafieira, forró, capoeira, jazz, hip hop e outras que se mesclavam com a linguagem do teatro.
Presenças
A Sessão Especial também contou com a presença de: Renata Dias, diretora-geral da Fundação Cultural do Estado da Bahia; da professora Isa Trigo, representando o reitor da UNEB; Suki Villas Boas, do Fórum de Dança da Bahia; e contou com a apresentação dos grupos de dança Ballet Detona e Uniarte, grupos de dança do bairro de Mussurunga e Lobato.
