No II Seminário de Agroecologia e Produção Orgânica do Território Sertão Produtivo (Seapo), realizado no Instituto Federal Baiano, em Guanambi, o deputado estadual Marcelino Galo (PT) criticou a articulação da bancada ruralista, no Congresso Nacional, para flexibilizar a Legislação de agrotóxicos no Brasil, com a votação do chamado “Pacote do Veneno”, adiada esta semana para acontecer em 29 de maio. O parlamentar avalia que a medida representa “um risco à vida” e é “inadmissível” retrocesso num país que já vive “o total descontrole” da comercialização e uso desses princípios ativos, responsáveis por contaminar 70% dos alimentos in natura consumidos por brasileiros, “com comprovados danos” à saúde pública e ao meio ambiente.
“O Brasil é líder mundial em consumo de agrotóxicos, e entre 2000 e 2010, sem essa flexibilização, já aumentou em 190% o comércio desses produtos químicos, num mercado que movimenta mais de R$ 12 bilhões por ano. Muitas dessas substâncias inclusive já foram proibidas em seus países de origem por conta de seus elevados riscos à saúde e a vida humana mas que aqui é utilizado livremente. As consequências desse descalabro já são sentidas na saúde pública, com o crescimento [do número] de pessoas com doenças como câncer. Isso tem relação direta com os alimentos que consumimos, muitas vezes contaminados por resíduos de agrotóxicos”, refletiu Galo, que defende, através dos projetos de Lei que Institui a Polícia Estadual de Agroecologia e produção Orgânica e o que regulamenta as Feiras Orgânicas na Bahia, o aumento da oferta, “para toda população”, de alimentos sem veneno.
“A bancada ruralista trabalha articulada para defender os interesses de quem financiou suas campanhas, é importante que a população compreenda isso. A flexibilização que elimina controles de órgãos da saúde e do meio ambiente e facilita registro de agrotóxicos impacta diretamente na vida dos trabalhadores do campo, que respiram e absorvem agroquímicos nocivos à saúde, e da população nas cidades que consome estes produtos contaminados”, enfatizou Marcelino, que é engenheiro agrônomo e coordena a Frente Parlamentar Ambientalista da Bahia.