Durante a entrega do Título Honorífico de Cidadão Baiano ao maestro e curador artístico da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA), Carlos Prazeres, em solenidade proposta pelo deputado estadual Marcelino Galo (PT), na noite de quinta-feira (26), no Teatro Castro Alves, o homenageado revelou que sua relação com a Bahia se fortaleceu a partir de um momento trágico, no Rio de Janeiro, quando seu pai, o maestro Armando Prazeres, foi sequestrado e morto em janeiro de 1999.
Foi nesse momento de dor que ele conheceu o livro de Jorge Amado, A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água, e identificou na história e simplicidade do personagem Joaquim Soares da Cunha, um funcionário público respeitável, semelhanças com a do seu pai, que apesar de acostumado com as rodas da alta sociedade na capital carioca, gostava de viver a cidade com os melhores amigos, “pessoas de hábitos mais simples, como feirantes e porteiros”.
“Esse livro e tudo que estava nele inserido, todas as peripécias daquele cidadão já morto, e a dificuldade em aceitar a morte, a mesma dificuldade que eu tinha em aceitar a morte de meu pai, me ligaram muito à Bahia. A história daquele homem se assemelhava muito a do meu pai. A partir dali a Bahia passou a ser algo diferente pra mim”, revelou o maestro Carlos Prazeres, que assumiu a direção artística da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA) em 2011.
“A Bahia faz uma justa homenagem a um trabalhador da música, um artista, que muito tem contribuído para o fortalecimento da cultura em nosso estado, coma aproximação e uma maior identificação da orquestra com a sociedade baiana,dando ênfase, sobretudo, a cultura como um instrumento de inclusão e coesão social. O maestro Carlos Prazeres é digno dessa deferência dos baianos”, afirmou o proponente da homenagem, deputado Marcelino Galo (PT), que defendeu na solenidade a ampliação do Orçamento da Cultura de 0,8% para 1,5% e que agestão da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA) passe das mãos do governo estadual para uma Organização Social (OS), sem fins lucrativos.
Emoção –Quando recebeu o convite para dirigir a Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA), em 2011, a relação de amor e encanto do Maestro Carlos Prazeres com a Bahia se consolidou. “Estava na praia de Ipanema quando recebi a ligação do diretor do Teatro Castro Alves, Moacyr Gramacho, com a proposta. Eu aceitei prontamente”, recordou Prazeres. “Aqui na Bahia à frente da OSBA vivi emoções que jamais pensei em viver na minha vida. A Bahia realmente se tornou um pedaço de mim e sempre fará parte de mim, com esse universo tão rico, singular e com tanta independência”, afirmou. “Fico muito honrado, muito feliz! De todos os lugares no mundo que visitei, a Bahia foi o local que melhor me recebeu. Nem sei como agradecer, espero criar ainda mais raízes aqui”, pontou emocionado, antes de abrir oficialmente a Temporada 2015 da Orquestra Sinfônica da Bahia com um concerto especial que contou com as participações do violonista espanhol Pablo Villegas e da cantora soprano Larissa Lacerda.