Ocupação de fazendas improdutivas, de órgãos e autarquias estaduais e federais, marchas por diferentes cidades e pronunciamentos em Assembleias Legislativas e na Câmara Federal são algumas dessas atividades. Na Bahia, o deputado estadual Marcelino Galo (PT), lembra o dia 17 de abril de 1996, onde 19 sem terras foram brutalmente assassinados em Eldorado dos Carajás, no Pará. Nesta quinta (17), esse fato completa 16 anos de impunidade e ele reforça o pedido para o fim da violência no campo.
“Precisamos retomar os debates a respeito da reforma agrária que há anos sumiu do campo das prioridades do governo federal. Também é nossa obrigação lutar para eliminar a violência no campo para que outros massacres como o que aconteceu em Eldorado dos Carajás não se repita no Brasil e em nenhum país da América Latina. Estamos atentos para os atos dos movimentos e para as ações dos grandes latifundiários. Na Bahia, em 2011, foram 17 conflitos por terra que levaram a três assassinatos”, relata Marcelino Galo. Os três assassinatos relatados pelo parlamentar foram Antônio de Jesus Souza, de Monte Santo, na comunidade Serra do Bode, Diogo de Oliveira Flozina, de Caravelas, do Quilombo de Volta Miúda e Leonardo de Jesus Leite, de Euclides da Cunha, da Fazenda Jiboia.
O deputado petista ainda fez referência ao número de famílias assentadas no último ano no Brasil, pouco mais de 6 mil. “As reivindicações dos sem terra, não são levadas em conta. A diminuição do número de ocupações e acampamentos encontra aí sua explicação maior. Os acampados continuam à beira das estradas, ou nas proximidades das fazendas pretendidas, alguns há 5, 6, 8 anos ou mais”, salienta.
Redução de conflitos
Os números relativos de janeiro a setembro de 2011 indicam uma redução geral de conflitos – redução de 777, em 2010, para 686, em 2011, cerca de -12%. Mas a queda não esconde que a violência se mantém e firme. Faz parte da estrutura agrária do país. Este número refere-se ao conjunto de conflitos que a Comissão Pastoral da Terra (CPT) registra: por terra, por água e trabalhistas, no campo. Individualizando cada categoria de conflito, os por terra reduziram de 535, em 2010, para 439, em 2011. Os conflitos por água de 65, em 2010, declinaram para 29, em 2011. Já os conflitos trabalhistas, concretamente o trabalho escravo apresentou elevação. Em 2010, neste período, foram registradas 177 denúncias de trabalho escravo, em 2011 este número se elevou para 218.