No auditório do Instituto Federal de Sergipe (IFS), em Aracaju, Déda também citou a relação respeitosa e produtiva estabelecida com o Movimento, além de dar as boas vindas aos cerca de 350 delegados representantes dos 24 estados do país onde o MST se faz presente.
"Quando assumimos o Governo do Estado, assumimos uma relação com o MST fundada no respeito, na discussão, e também na compreensão do papel do Governo e do Movimento. Não é uma relação demagógica, sem divergências. Não é uma relação onde não ocorram eventualmente conflitos, mas é uma relação fundada no diálogo, na negociação permanente, na busca de solução para cada crise, na busca de resposta para cada questão posta na mesa, afirmou Déda, antes de lembrar a série de avanços obtidos na luta pela terra em Sergipe nos últimos cinco anos".
Conforme o governador, o principal deles foi o assentamento de 1189 famílias em 28 assentamentos durante o seu primeiro mandato por meio de um convênio com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Agora assinamos um novo convênio e estamos trabalhando para liberar os recursos, para viabilizar outra operação similar que pode colocar mais mil famílias assentadas em Sergipe, ajudando o Incra a tirar do caminho os obstáculos da burocracia, do processo lento que caracteriza as desapropriações no Brasil, complementou.
A forma encontrada pelo Governo para dar celeridade à reforma agrária e ajudar a democratizar a terra em Sergipe mereceu elogios do integrante da direção nacional do MST, Jaime Amorim. Eu acho que vocês souberam captar a ideia e entender que se o Incra não tem essa capacidade, o Governo do Estado pode fazer a sua parte. Já é o segundo convênio consecutivo aqui em Sergipe, o que deve ser referência para os outros estados, para que a gente possa envolver todos, destacou Jaime.
Prioridade: agricultura familiar
O assentamento das famílias dos Sem Terra foi inserido pelo governador no contexto dos investimentos do Estado na agricultura familiar. Dentro da nossa política agrícola, a prioridade explicitamente colocada para a sociedade sergipana é o apoio à agricultura familiar, assegurou Déda, que ao assumir o Governo encontrou em torno de 14 mil famílias sendo atendidas com assistência técnica através da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro). Hoje, se levarmos em consideração o final de 2011, quase 34 mil famílias vêm sendo assistidas pela Emdagro, pontuou.
Foi a esse trabalho que Déda atribuiu resultados como a segunda colocação no Nordeste na produção de milho,além da expansão na produção sergipana de Leite, que no ano 2000 equivalia a 52% da produção de Alagoas e hoje ultrapassa o Estado vizinho em 28%. Em ambos os casos, o governador citou dados do IBGE indicando uma participação de dois terços da agricultura ou pecuária familiar no total produzido.
Continuidade
Antes de encerrar sua participação na abertura do Encontro, também denominada Ato Político em Defesa da Reforma Agrária, Déda garantiu que o Governo do Estado continuará dialogando com o MST de forma permanente, buscando encontrar as formas mais eficazes de transformar a nossa política agrícola e agrária num instrumento a favor da democratização da terra, porque nós compreendemos que a reforma agrária e o apoio à agricultura familiar ajudam a mudar o perfil social e econômico do país, observou.
A reforma agrária é um instrumento a favor da igualdade. E a bandeira que nós podemos segurar com mais entusiasmo, com mais alegria, com mais destemor, é a bandeira da igualdade, que é uma bandeira capaz de traduzir na vida cotidiana os mais belos ideais que o homem construiu ao longo de sua história. Igualdade e liberdade porque não pode haver liberdade plena sem o peso da desigualdade social, sob as cadeias da fome, da miséria e da exclusão, concluiu Déda, que teve ao seu lado na mesa de honra o Presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores, o deputado estadual por São Paulo, Rui Falcão.
Também presentes estavam lideranças como o vice-prefeito de Aracaju, Silvio Santos, os deputados João Daniel, Ana Lúcia e Conceição Vieira, e o deputado estadual pela Bahia, Marcelino Galo. (Faxaju)