Galo ressalta perigo dos agrotóxicos em Simpósio de Vigilância Sanitária

Uso indiscriminado de agrotóxicos foi criticado no Simpósio.

Na abertura do Simpósio Nacional de Vigilância Sanitária em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos, realizado no auditório do Ministério Público, no Centro Administrativo, em Salvador, nesta terça-feira (5), o deputado estadual Marcelino Galo (PT) voltou a alertar sobre os perigos do uso indiscriminado dos agroquímicos na Bahia. O parlamentar, que coordena a Frente Parlamentar Ambientalista e é autor de vários projetos sobre o tema, entre eles o que institui a Política Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica, relatou que nem os animais tem escapado da aplicação desses princípios ativos no estado.

“Semana passada recebi, de um agricultor de Cícero Dantas, imagens de bodes, no quintal de sua casa, mortos depois de um produtor vizinho ter feito pulverização de agrotóxicos. É uma situação dramática, que também põe em risco à saúde e a vida humana, e tem afetado igualmente, de forma brutal, à biodiversidade. Em regiões aonde se tinha abelhas, borboletas e passarinhos em abundância, como o popular papa-capim, hoje não há mais. É um dos sintomas perturbadores desse descalabro que combatemos com muita seriedade”, refletiu Galo, ao lembrar que a Bahia consome 46% dos agrotóxicos aplicados no nordeste brasileiro. “Somos o 7º estado no ranking nacional de consumo desses agroquímicos. É um dado para lamentar, porque estamos adoecendo a população, contaminando e impactando nossos recursos naturais”, enfatizou.

Deputado Marcelino Galo destacou importância da agroecologia no encontro.

Segundo Ruy Muricy de Abreu, técnico da Coordenação de Vigilância em Saúde Ambiental (Coviam) da Sesab, vários estudos científicos em diversos países têm evidenciado a relação entre o uso de agrotóxicos e diversas doenças, a exemplo de leucemias e outros cânceres; alterações neurológicas (como Doença de Parkinson); lesões no fígado, pele e pulmão; alergias, alterações hormonais, problemas comportamentais e de saúde mental. Outros estudos ainda sugerem alterações genéticas e má formação em animais. “Esses venenos estão presentes no nosso dia a dia e podem contaminar, também, o solo, o ar, os alimentos, a água e a vida animal”, afirma Ruy Muricy, que é engenheiro agrônomo.

O Simpósio Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos acontece até a próxima quinta-feira (7) e tem como objetivo principal a troca de experiências e capacitação de profissionais de saúde para fortalecer as ações integradas e articuladas em saúde pública. O simpósio é promovido através de uma parceria entre a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS). O evento é voltado para profissionais da saúde pública que atuam em Vigilância e Atenção à Saúde nas diferentes esferas: municipal, regional, estadual e federal.