Galo critica articulação contra projetos que regulam agrotóxicos na Bahia

Em entrevista à rádio Vida FM, na manhã desta terça-feira (9), o deputado estadual Marcelino Galo (PT) criticou a articulação de deputados para barrar três projetos de sua autoria que visam regular o uso de agrotóxicos na produção de alimentos no Estado. Os projetos de lei em questão tratam da inserção de informações nos rótulos dos produtos sobre a presença de agrotóxicos nos alimentos naturais ou industrializados, daproibição do uso de agrotóxicos na produção de alimentos e do fim da pulverização área da substância química nas lavouras em território baiano.Para Galo, quem se opõe a regulação dos agrotóxicos e fala em barrar seus projetos agem como “zagueirões” e jogam contra a vida, o meio ambiente e o interesse público.

“O Brasil é o maior consumidor, importador e contrabandeador de agrotóxicos no mundo. Muito desses produtos que estão aqui já foram banidos de outras sociedades, como na China, nos Estados Unidos e na Europa. Mas no Brasil continua sendo usado, atingindo a saúde pública, o meio ambiente, comprometendo a alimentação do povo brasileiro. A nossa tarefa, a nossa responsabilidade enquanto parlamentares é enfrentar isso, regular e ter coragem para fazer isso. Então os zagueirões que são contra a regulação dos agrotóxicos não conhecem os projetos nem as pesquisas e pareceres de cientistas sobre o assunto e que apontam a relação dessas substâncias com o aumento da incidência do câncer. É preciso estudar melhor, fazer um debate profundo, de forma técnica, dessa situação, ver porque um país fabrica isso e não utiliza e manda esse lixo para o brasileiro comer. Chegamos numa situação calamitosa, inclusive com a presença de vários desses princípios ativos no nosso lençol freático, nos recursos hídricos e até no leite materno. Dizer, portanto, que vai barrar projetos que defendem a regulação e controle dessas substâncias venenosas é até muito grosseiro”, afirmou Galo, que é engenheiro agrônomo, vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa e coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista da Bahia.

No Brasil, os herbicidas, inseticidas e fungicidas são algumas das substâncias químicas aplicadas nas lavouras e responsáveis, segundo pesquisas, pelo desenvolvimento de doenças neurológicas, hepáticas, respiratórias, renais, do câncer e da má formação genética. No país, segundo a Organização Mundial de Saúde, 500 mil pessoas são contaminadas por ano por conta do uso de agrotóxicos na produção dos alimentos. Em outubro, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) revelou que 36% das amostras analisadas de frutas, verduras, legumes e cereais estavam impróprias para o consumo humano ou traziam substâncias proibidas no Brasil.