A Comissão Especial da Verdade da Assembleia Legislativa ouvirá o ex-vereador e deputado estadual cassado pela ditadura militar, Luis Leal, na próxima segunda-feira (16), a partir das 10h, na sala Luis Cabral. Leal começou sua carreira política em 1963, quando se elegeu vereador de Salvador pelo Partido Social Democrático – PSD – e fez o primeiro enfrentamento direto contra o regime militar. Sob ameaça de prisão, votou contra o impedimento do então prefeito eleito, Virgildásio Sena. Suplente de deputado estadual pelo MDB para o período entre 1967 e 1971, assumiu por diversos períodos até ser cassado em 1 de julho de 1969, pelo AI-5. Anistiado em 1979, elegeu-se deputado estadual constituinte pelo PMDB, em 1986, destacando-se entre os mais influentes autores da Constituição do Estado da Bahia.
Será a última atividade da Comissão em 2013, segundo o deputado Marcelino Galo, presidente do colegiado. Já foram ouvidos os ex-deputados Marcelo Duarte e Sebastião Nery, também cassados junto com outros 9 parlamentares e suplentes identificados com a oposição aos militares. Marcelino adianta que todos os mandatos serão devolvidos simbolicamente numa sessão especial marcada para 13 de março de 2014, exatos 50 anos depois do memorável comício pelas reformas de base. “Com mais esse depoimento e as informações colhidas no trabalho de pesquisa histórica que concluiremos no próximo ano, teremos reconstituída a verdade sobre as investidas da ditadura sobre o parlamento baiano”, arremata Galo, ao frisar o pouco registro que ficou acerca dos processos sumários das cassações.
Médico formado pela Faculdade de Medicina da UFBA em 1951, Luis Leal foi duramente perseguido pelos militares e, proibido até de pronunciar-se publicamente, contou apenas com sua atividade profissional para fazer frente às adversidades que se seguiram à cassação. “Teremos a oportunidade de ouvir o testemunho de alguém que esteve na linha de frente da resistência democrática, sem fraquejar um instante sequer, e sem deixar o País. Será um depoimento riquíssimo e que muito acrescentará ao resgate da história política baiana”, concluiu Marcelino Galo.