Cacique Babau é o primeiro indígena a receber Comenda 2 de Julho na ALBA

A trajetória de luta em defesa dos povos indígenas de Rosivaldo Ferreira da Silva, mais conhecido como Cacique Babau, foi homenageada nesta sexta-feira (30), com a entrega da Comenda 2 de Julho, mais alta honraria concedida pela Casa Legislativa baiana, em solenidade proposta pelo deputado Marcelino Galo (PT). Cacique Babau, da terra indígena Tupinambá Serra do Padeiro, em Buerarema, é o primeiro indígena a receber a Comenda 2 de Julho em nosso estado. O comendador também coleciona outros títulos em defesa dos povos indígenas. A liderança já recebeu a 29º medalha Chico Mendes de Resistência e está entre os dez defensores de Direitos Humanos do país.

O deputado estadual Marcelino Galo ratificou a importância de entregar o título ao indígena. “A Comenda 2 de Julho é dedicada às pessoas que prestam serviços relevantes ao Estado, e não à toa escolhemos Cacique Babau para dar este título, por toda sua atuação em defesa dos povos originários, não só na Bahia, como no país. Em todo território nacional existem cerca de 800 mil índios, que vivem intensos conflitos com fazendeiros e latifundiários por resistirem em seu território. Nossos parentes precisam sim ter acesso à saúde, educação, transporte, terra e todos os outros Direitos Humanos, sem que para isso precisem perder a cada dia seus irmãos”.

“Hoje é um dia marcante para nós. Depois de mais de 500 anos de opressão contra o nosso povo, mostramos que não é só o homem branco que pode receber uma Comenda 2 de Julho, mas nós, povos originários do Brasil, também podemos e temos esse direito. Muito obrigado ao deputado Marcelino Galo por entender e estar com a gente em nossas lutas”, declarou o comendador Cacique Babau.

Mais de 40 entidades ligadas a movimentos sociais, ambientalistas e a Universidades assinaram uma moção de aplausos a Assembleia Legislativa da Bahia, pela entrega da Comenda 2 de Julho ao Cacique Babau. A principal pauta de luta dos povos indígenas é pela demarcação do território, alvo de fazendeiros e latifundiários, interessados no agronegócio e consequente desmatamento dessas áreas. A Antropóloga do Museu Nacional da UFRJ, Daniela Allarpon, reafirmou a preocupação para que as titulações aconteçam. “A entrega desta Comenda 2 de Julho é um ato simbólico e também um contraponto ao racismo e todas as formas de opressão contra os povos indígenas. É importante que todos os atores políticos estejam empenhados na demarcação das terras indígenas, a fim de garantir a permanência da cultura e modos de vida desses povos”.

Também participaram da sessão Jerônimo Rodrigues, Secretário de Desenvolvimento Rural (SDR); Bruno Dauster, Secretário da Casa Civil, César Lisboa, da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, Afonso Florence, deputado federal; Antônio Lobo, coordenador de Meio Ambiente, representando o reitor da UFBA, João Carlos Salles; Rafisson Saraiva Ximenes sub-procurador público, representando o defensor público geral Clériston Macedo; Alexandre Hermes, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB; Stefani Pereira da Silva, coordenadora do grupo de jovens da Serra do Padeiro; José Augusto Paes, presidente do Conselho Diretor da Associação Nacional de Ação Indigenista; coordenador da CDL da Funai de Itabuna, Nicolas Melgaço dos Santos e o coordenador do Movimento Unificado dos Povos Indígenas da Bahia, Kâhu Pataxó.