A ação foi mais uma atividade da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública da casa legislativa, que busca desvendar a verdadeira história da ditadura no estado. O presidente da Comissão Especial da Verdade, o deputado estadual Marcelino Galo (PT) e todos os presentes, ouviram os depoimentos carregados de emoção de Emiliano José (preso político), Paulo Pontes (preso político), Inácio Gomes (advogado de preso políticos) e de Leonia Cunha (familiar de mortos).
Segundo o parlamentar petista, essa emoção tomou conta da plateia e dos convidados, inclusive, esse sentimento também o acometeu quando lia a lista com os nomes dos presos políticos que foram mortos pelo regime militar e dos familiares presentes na audiência. “Não vim aqui fazer discurso, mas sim para falar em nome da memória e das famílias dos que tombaram em luta para que hoje pudéssemos estar aqui. Jovens, estudantes, camponeses, homens e mulheres de uma geração dilacerada pela violência de um Estado repressor, de uma ideologia antidemocrática e imperialista de um projeto econômico opressor e excludente”, pontua Galo, que ainda listou o nome dos deputados cassados pelo regime, que ele pede para que a Alba devolva o mandato.
Após os testemunhos dos quatro presos políticos, na Comissão Especial da Verdade, o representante da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Gilney Viana declarou que na Bahia são 126 casos não resolvidos. “Eles peitaram o regime e pagaram seu preço. O preço da lista dos mortos desaparecidos, o preço daqueles que ficaram exilados, daqueles que foram banidos, daqueles que ficaram presos como nós, que foram intimados, perseguidos e jogados à clandestinidade”, frisa.
Para o presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, Joviniano Neto, toda Comissão da Verdade têm três papeis libertadores. “A primeira função é libertar os familiares e as vítimas da ditadura da busca de conhecimento das circunstâncias, dos motivos dos responsáveis pelas violências que sofreram, e da busca pelo reconhecimento social do seu sofrimento da sua luta. A segunda é libertar as instituições de manterem versões que eram oficiais na época e que hoje se sabe que eram falsas. A terceira é a libertação das pessoas, das instituições, do medo de tratar determinados assuntos que podem ser perigosos e podem provocar resistências e reações”.
A vice-presidente do grupo e membro do Comitê Baiano pela Verdade, Diva Santana, afirma que é complexo tratar do assunto. “É uma dificuldade tratar desse tema, por que aqui na Bahia a situação se estendeu por mais tempo. Aqui nós tivemos Antônio Carlos Magalhães até ontem”, completa.
O caso do jornalista Emiliano José, que envolve um processo do torturador Átila Brandão, por injúria e difamação, a Comissão não tratou como um fato isolado. “[Essa ação] é a pretensão de censura absolutamente inócua, desrespeitosa e afrontosa à Constituição e aos direitos dos jornalistas. Jornalista usa fontes, eu usei fontes de um torturado dando seu depoimento e o torturado não mente, o torturado sabe o que sentiu, eu sou um torturado e falo isso o tempo inteiro”, afirma Emiliano.