A Petrobras Fica na Bahia: Bancada do PT na Alba defende permanência da estatal em ato público

Com o objetivo de defender a permanência da Petrobras na Bahia, centenas de pessoas, entre petroleiros, entidades da sociedade civil, prefeitos e parlamentares baianos, lotaram o Auditório Jorge Calmon da Assembleia Legislativa, na manhã desta segunda-feira (23), em um ato público promovido pelo Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-Ba) e pela Bancada do Partido dos Trabalhadores na Alba. A Bahia é o único estado do Brasil onde a Petrobras desenvolve todas as suas atividades econômicas.

Para o líder do PT na Assembleia, deputado Marcelino Galo, o ato foi o maior já realizado na Casa, e busca mobilizar toda a sociedade para a permanência da estatal no Estado. “Esse ato serve para barrar, de forma definitiva, a ação do governo que vem surrupiando os nossos recursos e rebaixando os custos da classe trabalhadora. O alvo deles é destruir e esquartejar a Petrobras para entregar ao capital estrangeiro. Por isso, precisamos resistir”, disse Marcelino.

De acordo com o líder do Governo na Assembleia, deputado Rosemberg Pinto, o caminho da privatização vinha sendo trilhado desde o golpe sofrido pela presidenta Dilma Rousseff, em 2016. Segundo o líder governista, foi feita uma mudança no direcionamento das negociações e também do ponto de vista do petróleo, onde o Brasil se tornou autossuficiente e passou a criar determinadas condições para que fossem vendidos produtos nos EUA. “Com a enganação que a mídia fez e tentou descredenciar o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, durante o processo da refinaria de Pasadena, ali era a importância do Brasil para o coração dos EUA. Mas, lamentavelmente, a mídia acabou dando uma proporção extremamente diferenciada aos nossos objetivos. Tomamos um golpe fatal para que eles pudessem retomar a destruição da Petrobras”, observou Rosemberg. Também presente no ato, a deputada Neusa Cadore destacou a importância da empresa na Bahia, além do desenvolvimento do país. Para ela, a luta para a permanência da estatal no Estado é um compromisso de toda a humanidade.

Com os constantes ataques a soberania nacional promovido pelo Governo Jair Bolsonaro, o deputado Robinson Almeida destacou a viagem do presidente, nesta segunda-feira (23), para Nova York, para participar da Assembleia Geral da ONU. Segundo o petista, o principal compromisso de Bolsonaro nos EUA será um jantar promovido pelo presidente americano Donald Trump, que irá corroborá a estratégia que está sendo montada de dominação das riquezas mundiais e da completa entrega pelo governo. “A batalha da soberania é a que precisa ser enfrentada. A batalha para que esse país seja uma nação que vai andar de cabeça erguida. Assim como resistimos durante esses 500 anos de Brasil, estamos desafiados de novo a enfrentar aqueles que não aceitam esse país como um país independente e soberano”, destacou Robinson.

senador petista Jaques Wagner frisou a importância de haver uma organização em defesa da soberania nacional, para que se possa garantir a sobrevivência do Brasil. “Nós que somos lideranças do processo político precisamos cada vez mais mergulhar na regulação e no conhecimento desse processo, e não podemos ter ilusão do que vem acontecendo no Brasil. Todos os enfrentamentos sempre tiveram o petróleo como eixo fundamental, porque dominar o petróleo é dominar a energia e o funcionamento de toda a indústria mundo afora”, disse Wagner.

Dados técnicos – A Bahia é o único estado do Brasil onde a Petrobras desenvolve todas as suas atividades econômicas. São elas: a Refinaria Landulpho Alves (RLAM) que trata de refino; a Transpetro que trata de logística; a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (FAFEN) que trata de fertilizantes, ureia e amônia; a Petrobras Biocombustíveis (PBIO) que trata de biodiesel; as termoelétricas que trata de energia; os campos terrestres que trata de produção de petróleo e gás e a EDIBA onde funciona o prédio administrativo.

Só na EDIBA, o prédio administrativo, o fechamento resultará na transferência da maioria dos cerca de 1.500 trabalhadores diretos da estatal e na rescisão dos contratos das empresas terceirizadas, que deve levar à demissão cerca de 2 mil terceirizados, que atuam no prédio. Entre os maiores impactos com a possível retirada da estatal, consta também a questão econômica para o Estado. A Petrobras já chegou a investir na Bahia cerca de R$ 1 bilhão por ano, gerando emprego e renda. A Unidade Operacional da Bahia (UO-BA), por exemplo, gera R$ 3,5 bilhões por ano e tem cerca de 6 mil empregos diretos e indiretos (trabalhadores terceirizados e próprios). Só no Estado, hoje, são 4 mil trabalhadores próprios e 13 mil terceirizados.

Segundo o coordenador do Sindipetro, Jairo Batista, a tarefa de protestar contra o encerramento das atividades da estatal na Bahia não é só dos petroleiros, e sim de toda a sociedade. “Não aceitaremos de forma alguma a saída da Petrobras da Bahia. Muitos que estão aqui não são petroleiros, mas compreendem que a Petrobras é importante para o Brasil. Qualquer país que tivesse uma empresa como essa, não abriria mão dela como esse Governo Federal tem feito. Nós não vamos permitir a sua saída. A Petrobras fica na Bahia sim”, disse o coordenador do Sindipetro.

Para o ex-diretor de produção e exploração da Petrobras, um dos responsáveis pela descoberta do pré-sal, Guilherme Estrella, a retirada da Petrobras da Bahia é um crime contra a história do Brasil, já que a empresa foi fundada por causa do petróleo baiano. O economista e pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (INEEP), William Nozaki, afirmou que a defesa da Petrobras corresponde a defesa de uma instituição fundamental para o desenvolvimento industrial, tecnológico e regional do Brasil. Segundo ele, a descoberta do pré-sal significou a chegada da maturidade geopolítica do país. “Quando o Brasil se torna um dos 10 maiores países com reservas petrolíferas e a Petrobras se transforma em uma das maiores empresas do mundo, nós passamos a conquistar uma grandeza geopolítica que nos colocou no centro do conjunto de interesses econômicos e estrangeiros que estão por trás da turbulência política que o Brasil viveu nos últimos anos”, explicou Nozaki.

Assessoria de Comunicação do PT na Alba