Os recentes sufrágios e o cenário de crise sanitária para os povos latino-americanos foram o centro do debate promovido pela Bancada do PT na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), nesta quinta-feira (19), através de sala de reunião virtual da plataforma Zoom e transmitido pela Internet. Sob o título “América Latina e Caribe Urgente!”, o evento – comandado pelo líder do bloco, deputado Marcelino Galo – franqueou a palavra a atores de movimentos sociais da Argentina, Bolívia, do Brasil, Chile, Cuba, México, Panamá, Peru e Venezuela. A deputada Fátima Nunes (PT) também esteve presente na sala on-line.
“A energia que vem e ressoa da América Latina, com esse despertar político, é muito importante para o momento em que vivemos no nosso país. Por isso, nosso objetivo hoje é de aproximação. Buscamos construir esse sonho de América Latina unida, que sirva ao seu povo e contra o imperialismo”, disse o petista, na abertura do encontro remoto, que também se propôs a antecipar cenários da pós-pandemia nestes países, “para construção de uma nova realidade política, econômica, sanitária, ética e de solidariedade entre os povos latinos”.
Os depoimentos indicaram que a pandemia aprofundou as desigualdades sociais e econômicas, atingindo cruelmente as mulheres, ambientalistas, indígenas e a população campesina, além de uma onda de criminalização dos protestos em alguns países. A educadora Aída García Naranjo (Peru) citou o caos recente no país andino, onde em uma semana o povo peruano teve três presidentes – outros mandatários sofreram processo de impeachment por denúncia de corrupção.
Liliana Buitrago, do Observatório de Ecologia Política (Venezuela), relatou que o país “está em um momento muito delicado de militarização”, e defendeu que todo movimento em conjunto na América Latina “implica em pensar política que promova a ética dos cuidados”. Nesse sentido, encontrou respaldo no apelo de Luiz Bassegio, secretário do Grito dos Excluídos Continental, que defendeu como luta de todos um sistema único de seguridade social.
Patricia Gainza, coordenadora do Fórum Social Américas das Migrações (Uruguai), chamou a atenção para os excessos, com os quais a pandemia justifica qualquer tipo de ação. Admitindo dificuldade em dizer como será a vida pós-pandemia, Carlos Escudeiro, do Observatório de Meio Ambiente e Sociedade do Panamá, previu um cenário de mais precarização do trabalho: “A informalidade já alcançou 46%, hoje, no Panamá”.
Gloria Ajpi Jalja, comunicadora e educadora do Grito dos Excluídos da Bolívia, ressaltou que, “após um ano de golpe de Estado, os 26 pontos de diferença para o governo eleito trouxe legitimidade e eliminou qualquer tipo de desconfiança no processo eleitoral”. Sobre o Chile, a jornalista Paulina Acevedo, membro da Red de Medios de los Pueblos, ressaltou que seu país “deu um grande passo” com as conquistas recentes – como o plebiscito que enterrou a Constituição do ditador Pinochet.
O deputado provincial Martín Sereno (Argentina) propôs que o coletivo, ao final do evento, apresentasse uma moção, para que a Justiça brasileira conceda a extradição, para o seu país, do “repressor Roberto Oscar González, o Gonzalito, da então Escola Superior de Mecânica da Armada”. Também participaram do debate: Rosy Zúñiga, secretária-geral do Conselho de Educação Popular de América Latina e Caribe – CEAAL (México); Armando de Negri Filho, médico e coordenador do Fórum Social Mundial da Saúde e da Seguridade Social; e Pedro Monzón, cônsul-geral de Cuba em São Paulo.
Texto: ALBA