Com o tema permanente “Vida em Primeiro Lugar”, o Grito dos Excluídos chega a sua 26ª edição. Com o objetivo de denunciar todas as formas de exclusão, o tradicional manifesto é organizado pela Pastoral Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), movimentos e entidades populares, e acontece anualmente no dia 07 de setembro em diversas cidades do Brasil e da América Latina.
Este ano, o Grito terá como lema “Basta de Miséria, Preconceito e Repressão! Queremos Trabalho, Terra, Teto e Participação!”. Para integrar a agenda de mobilizações em apoio ao ato, o líder do PT na Assembleia Legislativa da Bahia, deputado Marcelino Galo, intermediou uma audiência pública virtual nesta quinta-feira (3), com a presença de integrantes de comitês religiosos, sindicatos e organizações civis.
“A pandemia nos afastou do convívio social e nos impôs esse distanciamento, mas possibilitou estarmos conectados. E a Assembleia Legislativa não poderia se furtar de participar desse conjunto de eventos para realizar, com muita força, o Grito dos Excluídos no próximo dia 07 de setembro. Vamos aqui ecoar o Grito pela vida, onde neste momento mais de 125 mil brasileiros e brasileiras tiveram suas vidas ceifadas em decorrência dessses 520 anos de opressão e exploração, e a disseminação da Covid-19 apenas explicita a condição de desigualdade que bate com muita força nos mais pobres”, disse Marcelino Galo.
A história de luta e construção do Grito dos Excluídos foi pontuada pelo membro da Ação Social Arquidiocesana, padre José Carlos. Segundo ele, o Grito nasce da iniciativa popular e é um movimento enriquecedor para a consciência democrática de toda a sociedade. O sacerdote lembrou que, durante todos esses anos de realização do ato, houveram momentos ricos e decisivos na historia do Brasil recente. “Lutamos contra a Alca [Área de Livre Comércio das Américas], contra o pagamento da dívida externa e contra a privatização da Embasa. É importante salientar que o Grito dos Excluídos nasce do povo e deve continuar com o povo. Nós, como Igreja Católica e outras entidades, não podemos ter o Grito como propriedade nossa. É e deve ser sempre uma efetiva ação popular”, afirmou o sacerdote.
O Defensor Público Geral do Estado, Rafson Ximenes, classificou como “perigoso” o momento em que vivemos, com grandes ameaças aos valores democráticos e conquistas sociais. “Sejam elas por poderes institucionalizados ou por quem está se criando um novo senso comum, onde está se tornando natural aceitar uma pessoa dizer que é racista, contra o feminismo ou homofóbica. Essa exterminação de bandeiras vem sendo estimulada por alguns setores da imprensa e setores políticos, incluindo a própria Presidência da República, o que nos leva a um grande desafio para que não fiquemos em silêncio”, pontuou Rafson.
A representante da Ação Social Arte (ASA) e do Coletivo Grito Salvador, Jéssica Soares, destacou que, assim como todas as organizações e instituições, o Grito dos Excluídos enfrenta dificuldades e desafios para realizar suas atividades nesse período de pandemia. Segundo ela, nessas duas décadas de existência, o Grito traz o tema “Vida em Primeiro Lugar” porque a ameaça à vida das pessoas excluídas é uma constante. “Temos alguns avanços e conseguimos garantir algumas conquistas, mas a garantia da vida dessas pessoas é uma luta diária. O extermínio da juventude negra e o aumento da violência doméstica, em especial à mulher, também são ameaças à vida que nós trazemos no Grito”, explicou.
Texto: Lorena Teixeira