Pesquisadores acreditam que a disseminação da Covid-19 tem resultado direto com a ação destrutiva e invasora do ser humano contra a natureza. Fato é que, durante a escalada de pandemia do novo coronavírus, registros de destruição se alastram em biomas fundamentais para o equilíbrio ecológico. Considerando esta realidade, a Frente Parlamentar Ambientalista da Assembleia Legislativa da Bahia promoveu, na tarde desta quinta-feira (20), um debate virtual com o tema “O que a Bahia tem para o Clima”.
O debate foi mediado pelo coordenador da Frente e líder do PT na Alba, deputado Marcelino Galo, que destacou os impactos profundos na biodiversidade trazidos com as mudanças climáticas. “Nós que agora vivemos esse momento de pandemia, que afeta tanto a vida das pessoas, ainda não temos a compreensão das consequências das mudanças climáticas, que serão ainda mais severas e devastadoras para o desenvolvimento da economia e na vida da sociedade como um todo”, observou Marcelino.
Os riscos das mudanças climáticas no Brasil e, mais especificamente, na região nordeste, foram apresentados pelo pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP e ex-presidente do International Geosphere-Biosphere Programme (IGBP), Carlos Nobre. De forma didática, o climatologista projetou gráficos com fundamentos científicos destas mudanças, sobretudo de suas consequências na cidade, na agricultura e na vida humana. Segundo ele, o Nordeste é uma das regiões mais ambiental e socialmente vulnerável às mudanças climáticas, e está entre as que mais sofrerão com as consequências não só ambientais, mas também epidemiológicas e socioeconômicas. “O Nordeste se caracteriza pelo clima semiárido, com a caatinga e muito da história de suas populações tem a ver com a incidência de inúmeras secas. É uma região com maior variabilidade climática e de vegetação do Brasil”, acrescentou Carlos Nobre.
O secretário de Meio Ambiente do Estado, João Carlos Oliveira, afirmou que a pandemia do novo coronavírus apesar de ser uma ação direcionada à saúde, envolve o contexto ambiental e econômico, e mostra as distorções sociais do mundo contemporâneo, em especial do Brasil. O secretário também apresentou uma reflexão sobre o papel da ciência na construção do desenvolvimento sustentável e falou da preocupação do Estado com a política de mudanças climáticas. “Tivemos uma reunião recente com o governador Rui Costa e apresentamos o nosso diagnóstico da realidade do clima na Bahia, onde temos 289 municípios com pedido de desertificação, uma área costeira de 1.100 quilômetros onde estamos sofrendo um processo de erosão grande, e aquecido a isso estão havendo alguns abalos sísmicos no litoral e que podem acarretar sérios problemas. Estamos dialogando para buscar um estudo mais detalhado porque isso nos preocupa muito”, observou o secretário estadual de Meio Ambiente.
Texto: Lorena Teixeira