No dia 10 de fevereiro de 1980, centenas de sindicalistas, intelectuais de esquerda, artistas, militantes de direitos humanos, ex-presos políticos da ditadura militar e católicos vinculados à teologia da libertação reuniram-se no Colégio Sion, em São Paulo, para fundar um partido político. Diferente das agremiações partidárias que existiam desde a República Velha, este partido nasceria não dos conchavos e articulações palacianas, a partir da divisão de outras legendas já existentes e que representavam oligarquias e grupos econômicos regionais. O novo partido surgia então dos debates do chão das fábricas, forjado nas greves do ABC paulista, do trabalho social das pastorais da juventude, da organização dos camponeses, da luta dos artistas contra a censura e pela liberdade de expressão, da articulação de ativistas na afirmação da igualdade racial, de gênero e da livre expressão da sexualidade.
Há exatos 40 anos, estavam reunidos nomes como Apolônio de Carvalho, Mário Pedrosa, Antônio Cândido, Sérgio Buarque de Holanda, Paul Singer, Francisco de Oliveira, Luiz Inácio Lula da Silva e Paulo Freire.
Batizado de Partido dos Trabalhadores, trazia já no nome a sua clara opção ideológica de defender e lutar pelos operários, pelo proletariado urbano e rural, pelos servidores públicos e por todos aqueles cujo trabalho construía diariamente o Brasil de então. Já na sua carta de princípios, PT afirmava seu compromisso com a democracia plena, exercida diretamente pelas massas, pois não haveria socialismo sem democracia e nem democracia sem socialismo.
Com o novo partido, as trabalhadoras e os trabalhadores de todo o Brasil passaram a ter voz ativa na Assembleia Nacional Constituinte de 1987-88. Os seus parlamentares defenderam a inclusão de capítulos relativos à política de desenvolvimento urbano, às ações e serviços públicos de saúde, ao reconhecimento da demarcação das terras indígenas, à reforma agrária, à seguridade social, ao meio ambiente, à cultura e aos direitos e garantias fundamentais.
O PT é o partido do orçamento participativo, das conferências deliberativas, da criação de dezenas de universidades, do fortalecimento e da eficiência do serviço público, da criação de uma ampla rede de assistência social, das políticas de segurança alimentar, de renda mínima, da geração de emprego para a juventude, do combate ao racismo e a todas as formas de discriminação e preconceito.
Nesses últimos 40 anos, o Brasil conheceu os planos, atividades, políticas e ações do PT. E o PT conheceu cada vez mais o Brasil, governando desde pequenas cidades até grandes estados, elegendo dois presidentes da República, implantando políticas sociais e novas práticas de gestão pública que o diferenciam de os demais partidos políticos brasileiros.
E após praticar quatro décadas de nova política, o Partido dos Trabalhadores se renova e se prepara para enfrentar novos desafios perante a sociedade brasileira, nestes tempos estranhos em que é preciso combater novamente a censura, o obscurantismo e o atraso. Que tenhamos coragem de retomar os princípios que forjaram o maior partido popular do Brasil. Para que cada cidadão brasileiro possa ter uma vida melhor e viver em um país decente. São quarenta anos de luta pelo Brasil. Parabéns às trabalhadoras e aos trabalhadores brasileiros.
Marcelino Galo é deputado estadual e líder do PT na Assembleia Legislativa da Bahia.