O plenário da Assembleia Legislativa da Bahia foi tomado pela musicalidade e cultura do recôncavo da Bahia com a entrega da Comenda 2 de Julho ao cantor e compositor Mateus Aleluia. A maior honraria concedida pelo parlamento baiano foi proposta pelo deputado estadual Marcelino Galo (PT). A sessão especial reuniu secretários de Estado, representantes de terreiros de candomblé de Cachoeira, familiares e admiradores do artista.
“Eu não cheguei aqui sozinho, comigo vai uma bagagem muito grande. Por isso agradeço a Cachoeira, aos Tincoãs, agradeço a quem realmente propôs meu nome a isso, o deputado Marcelino Galo, a minha família, minha esposa, meus filhos. Agradeço a todos vocês, porque sem querer ou não nós estamos ligados por um fio, que a gente não vê, ou talvez não perceba, mas existe”, disse o Comendador Mateus Aleluia, que demonstrou sua humildade em receber o título e tudo que este representa para o povo negro e as religiões de matriz africana.
O deputado Marcelino Galo justificou a entrega da Comenda exaltando a criatividade e competência musical de Mateus Aleluia. “Por toda sua trajetória, legado e cultura ao cantar ao seu povo e essa experiencia de relação com a África, porque ele viveu em Angola por 20 anos. Então ao cantar a música sacra, o candomblé, ele canta o povo da Bahia e o povo do Recôncavo”.
A deputada federal Lídice da Mata agradeceu ao homenageado a “contribuição a cultura e o estímulo à continuidade da luta contra o racismo e intolerância religiosa”. A secretária estadual de Promoção da Igualdade Racial, Fabya Reis, lembrou que a entrega da comenda celebra a resistência e a luta do povo negro. “Os atabaques de Cachoeira bateram mais forte nesta manhã em Cachoeira. Muito obrigado, em nome do povo da Bahia, pelo legado e inspiração que o senhor passa para enfrentar a onda de racismo e intolerância que temos vivido atualmente”.
A entrada do homenageado ao plenário foi embalada pelo piano do maestro Ubiratan Marques, com a música Cordeiro de Nanã, de Mateus Aleluia e Dadinho. Em seguida a Filarmônica Minerva tocou a mesma canção, além do Hino ao Dois de Julho e outras marchinhas.
Também estiveram presentes o diretor-geral do Instituto de Radiodifusão Educativa do Estado da Bahia (Irdeb), Flávio Gonçalves; o professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Clóvis Caribé, conhecido como “Coió” e a ialorixá do Terreiro do Bogun, Mãe Índia. Compuseram a mesa ainda a defensora pública Cynara Fernandes, representando o defensor público geral da Bahia, Rafson Ximenes; e o representante da Nação Angola do Terreiro Mocambo, Tata Anselmo.
A sessão foi finalizada ao som do samba de roda do grupo cachoeirano Esmola Cantada, de Ladeira da Cadeia.