O seminário Semear a Água, que acontece até quinta-feira (27) na Assembleia Legislativa, deu início nesta quarta às discussões sobre os desafios para o desenvolvimento territorial, com sustentabilidade e preservação de bacias hidrográficas, na Bahia. O evento, mediado pelo deputado estadual Marcelino Galo (PT), acontece em parceriada Frente Parlamentar Ambientalista com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA).
Nas mesas redondas do primeiro dia de debate foram analisadas experiências governamentais na preservação de serviços ecossistêmicos, com as intervenções de Fabrina Furtado, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), de Nelton Miguel Friedrich, que abordou o projeto Cultivando Água Boa em Itaipu, e de Devanir Garcia dos Santos, que tratou do Programa Produtor de Água da Agência Nacional de Águas (ANA). À tarde experiências da sociedade civil na preservação de serviços ecossistêmicos da Agricultura Sintrópica, no caso da Fazenda Ouro Fino e da Fazenda Olhos D’Água, do projeto Manoelzão, em Minas Gerais, e a experiência da ASA na proteção dos serviços ecossistêmicos de produção de água no semiárido foram apresentadas, respectivamente, por Henrique Souza, Apolo Heringer e Johann Gnadlinger.
“Discutimos aqui a regeneração de bacias hidrográficas, do ponto de vista da importância desse serviço ecossistêmico, da inter-relação floresta e água. Porque, como sempre reforçamos, água não nasce em barragem, ela é produzida na natureza e é importante que isso seja compreendido tanto pelo poder público quanto pela sociedade, sobretudo num momento de crise aguda como a que estamos presenciando com a questão hídrica em nosso país”, afirmou Galo, ao pontuar que dos debates surgirão ideias e propostas que poderão tornar-se políticas públicas. Presidente do Crea-BA, o engenheiro mecânico Marco Amigo destacou a importância do evento e a necessidadede uma visão desafiadora que aponte o que se pretende ser feito para os próximos 30 anos. “Nós gerenciamos a crise hídrica nos últimos anos, mas temos que deixar de gerenciar a crise para gerenciar a vida. Afinal, água é fonte de vida”, enfatizou. “Não basta propor, temos o desafio de materializar o que propomos”, refletiu.
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ângelo Coronel (PSD), que abriu o seminário, ponderou que mesmo o Brasil tendo o maior potencial hídrico do mundo, o país registra alta taxa de desperdício de água, sendo que na Bahia esse índice, segundo ele, chega a 48%. “Já discutir esse assunto com o governador Rui Costa, duas vezes também na Embasa, porque infelizmente a Bahia tem um dos mais altos índices de desperdício de água tratada no Brasil, seja por vazamento de redes, por problemas em adutoras, nas redes de distribuições, muitas já velhas. Desperdiçar água é a mesma coisa que está tentando contra a vida”, afirmou.Nelton Miguel Friedrich, que abordou o projeto Cultivando Água Boa da Itaipu Binacional, ratificou a necessidade de uma ação articulada envolvendo “governo, sociedade e empresas”. “Precisamos disseminar a ideia de que precisamos de jardineiros para cuidar do planeta terra”, afirmou, lembrando que “80% dos empregos no mundo envolvem diretamente a água”.
Também participou do primeiro dia de discussões a deputada Maria Del Carmen, o presidente do Sindicato dos Engenheiros da Bahia, Ubiratan Félix, estudantes, representantes de prefeituras do interior do estado e de movimentos sociais. Entre as discussões de quinta-feira, a partir das 9 horas no auditório jornalista Jorge Calmon, estão os desafios e proposições para o avanço da proteção dos serviços ecossistêmicos. O evento é aberto ao público.