Foto: Divulgação.
A situação socioambiental da Baía de Todos Santos, bem como a necessidade de um Plano de Gestão Integrada, foi debatida nesta segunda-feira (5), na Assembleia Legislativa, pela Frente Parlamentar Ambientalista da Bahia, em audiência pública coordenada pelo deputado Marcelino Galo (PT). O evento reuniu funcionários e representantes do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia (Inema), de movimentos sociais, ambientais e da sociedade civil, além de professores de Universidades, como da UFBA, e o secretário de Turismo do Estado, José Alves Peixoto.
“As questões cruciais relativas ao meio ambiente, ao desenvolvimento urbano sustentável, que garanta a preservação da Baía de Todos os Santos, de toda sua riqueza marinha, e também das populações em seu entorno, foram discutidas com a participação qualificada de especialistas e representantes da sociedade civil organizada”, afirmou Galo, surpreso com os estudos apresentados que apontam para a contaminação do ar, da população e dos recursos marinhos, respectivamente, por manganês e chumbos. “É preciso trabalhar, de maneira integrada, envolvendo diversos atores da sociedade e do Estado, no sentido de garantir a conservação desse importante patrimônio que é a Baía de Todos os Santos, mas também a preservação da saúde das pessoas que habitam seu entorno”, ressalta o parlamentar.
Pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal da Bahia apontam que nas áreas mais industrializadas da Baía de Todos os Santos, ou próximas delas, como no Porto de Aratu e na Ilha de Maré, há maior concentração de metais. “Os peixes e frutos do mar nessa região estão mais contaminados com grande variabilidade das concentrações de chumbo”, observou Neuza Miranda, professora da Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia, que em 2013 recebeu um prêmio no Congresso Brasileiro de Toxicologia em reconhecimento ao seu estudo sobre a contaminação das crianças de Ilha de Maré por altos níveis de chumbo e cádmio, oriundo das indústrias do entorno da Baía de Todos os Santos.“Não adianta ter uma Unidade de Conservação sem o Plano de Manejo. O que adianta ter a Unidade de Conservação sem o Zoneamento Ecológico e Econômico que diga o que pode e o que não pode? É preciso analisar o efeito e os impactos cumulativos das medidas que agridem a Baía de Todos os Santos”, criticou Carlos Mascarenhas, coordenador do Grupo Ambientalista Germen.
No debate também foi apontado desde a ausência do saneamento básico à coleta irregular do lixo como agravantes para a contaminação das Ilhas na Baía. Para o secretário de Turismo do Estado, José Alves Peixoto, a situação preocupa, visto que o potencial turístico do local, para existir na prática, garantindo benefícios às comunidades tradicionais, depende de sua preservação. “A reflexão proposta aqui é bastante pertinente, visto que a preservação da Baía é fundamental para fortalecermos o turismo em nosso estado”, pontuou Peixoto, que apresentou o Plano Estratégico do Turismo Náutico da Baía de Todos os Santos e se colocou à disposição para cooperar com os avanços da discussão.