O assassinato de trabalhadores rurais pela Polícia Militar no sudeste do Pará, em 1996, episódio conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás, foi lembrado nesta quinta-feira (14), durante a Sessão Especial na Assembleia Legislativa da Bahia, que debateua questão agrária no Brasil e a luta por justiça no campo. No próximo domingo (17), Dia Internacional de Luta pela Terra e Justiça no Campo, o caso completa 20 anos. Durante a atividade, movimentos sociais como o Consulta Popular, União Nacional dos Estudantes, Movimento dos Pequenos Agricultores,Movimento dos Acampados e Assentados e Quilombolas da Bahia (Ceta), daFederação das Associações, Sindicatos e Colônias dos Pescadores e Aquicultores do Estado da Bahia (FAPESCA-BA)eda Frente Nacional de Luta realizaram atos contra o impedimento da presidenta Dilma Rousseff.
O deputado Estadual Marcelino Galo (PT), proponente da sessão, afirmou quehá uma investida conservadora contra os movimentos organizados no campo e na cidade e também contra os direitos sociais, os direitos trabalhistas e contra "qualquer avanço na luta contra a desigualdade". “Vivemos um momento grave de ofensiva contra os trabalhadores sem-terra e suas organizações. Há um processo em curso que, alinhado ao crescimento do fascismo nas cidades, pretende intimidar, coagir e travar o avanço da luta por reforma agrária e justiça no campo”.
Em seu pronunciamento, Galo lembrou ainda que existe uma violência institucional contra a reforma agrária, materializada na determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) em suspender a seleção de beneficiários da reforma agrária. “Não é coincidência o fato de que o mesmo TCU que começa a criminalizar a reforma agrária é exatamente o mesmo TCU que deu início ao episódio do impeachment da presidenta, quando inovou ao apontar supostas “pedaladas ficais” como meio de atingir uma presidenta democraticamente eleita. Agora, o alvo é a reforma agrária”.
Com um discurso inflamado, Zé Rainha,dirigente da Frente Nacional de Lutas, assegurou que o problema da reforma agrária está no sistema. “Esse país nunca vai fazer reforma agrária se não destruir o capital. Não tem jeito de fazer reforma agrária no capitalismo. Temos que acumular forças para avançar ou a gente vai continuar sendo escravos desse país de quinhentos anos de oligarquia, de miseráveis e de bandidos”.
A sessão homenageou o Projeto Integrado de Pesquisa “A Geografia dos Assentamentos na Área Rural” (GeografAR), da UFBA, grupo que estuda o conflito agrário na Bahia.“Essa homenagem é muito significativa, porque acreditarmos que a reforma agrária popular é uma das condições para a construção de um país diferente. Nos debruçamos sobre o campo e vamos tentando construir as nossas atividades de ensino, pesquisa e extensão junto com o sujeito que sofre, que constrói, que vive nesse campo baiano”, pontua a professoraGuiomar Germani,coordenadora do projeto e professora da UFBA.
A atividade contou com a participação doSecretáriode Desenvolvimento Rural,Jerônimo Rodrigues, doouvidor Geraldo Estado, Yulo Oiticica, do Superintendente Regional do Trabalho na Bahia, Zé Maria, entre outros.