A condução coercitiva do ex-presidente Lula na última sexta-feira (4) pela Polícia Federal para depor no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, na 24ª fase da Lava- Jato, foi motivo de críticas dos deputados estaduais baianos durante sessão plenária, nesta segunda-feira (7), na Assembleia Legislativa. O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública, deputado Marcelino Galo, condenou a ação ordenada pelo juiz Sergio Moro e avaliou que há uma ação coordenada que, além de ferir o Estado Democrático de Direito, sinaliza para um golpe cujo objetivo, ao centrar no Partido dos Trabalhadores e buscar desgastar a imagem do presidente Lula, é acelerar a derrubada da presidente Dilma Rousseff do Palácio do Planalto.
“Qual o crime de Luís Inácio Lula da Silva? Contrariou a história (ao chegar à presidência da República), fora do script da classe dominante desse país, um filho da classe trabalhadora, um operário que veio do Nordeste, e se transformou em presidente da república. A elite brasileira, o capital internacional, nunca vai perdoar esse intruso, homem do povo que teve a coragem (de disputar o poder central do Brasil), e junto com o povo brasileiro passou a governar esse país. E aí numa agressão criminosa ao Estado de Direito, à democracia brasileira, se organiza o golpe da forma mais cínica com uma rede de televisão, que já sabia da operação, já tinha preparado seus helicópteros, todas as equipes de reportagens ali na frente da casa do ex-presidente antes mesmo da operação se iniciar. Esse é o conluio, ali se organizava um golpe contra a democracia brasileira, contra as conquistas que esse povo teve num governo presidido pelo homem que foi um conciliador”, afirmou Galo, que enfatizou sua critica ao lembrar do suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e do golpe que depôs o presidente João Goulart em 1964.
“Com a crise do capitalismo mundial, as forças do capitalismo internacional, aliadas a elite local, querem fazer o mesmo que fizeram na Venezuela, no Egito, no Oriente Médio, para roubar, sugar os recursos naturais do povo. Parte dessa elite entreguista assim fez com Getúlio, desse mesmo jeito, assim fizeram com Joao Goulart, quando foi deposto. Espero que a elite brasileira compreenda que dessa vez pode ser diferente. O povo brasileiro, a classe trabalhadora, os movimentos sociais não irão permitir a ousadia petulante dessa elite que prepara na verdade um golpe. Nós vamos é resistir, nós vamos às ruas, não tenham dúvida. Vivemos isso em 64, sabemos como eles fizeram, e isso não vai se repetir. Todo politico, aquele homem que vive a relação direta com o povo, que media conflitos, que faz a verdadeira política, sabe o risco que nós estamos correndo. E isso não queremos para a sociedade brasileira”, pontuou Galo. Também criticaram a ação coercitiva contra o presidente Lula os deputados Alex Lima, Rosemberg Pinto, Bira Coroa, Luiza Maia, Maria Del Carmen, Zé Raimundo e Pastor Sargento Isidório, entre outros. Na sexta-feira, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), também criticou a autorização dada pelo juiz federal Sérgio Moro contra o ex-presidente Lula. Na ocasião, Marco Aurélio afirmou que a ação coercitiva só deve ser usada quando houver a recusa do intimado em comparecer, o que, segundo ele, não foi o caso do ex-presidente.