A situação do rio Mucuri, que deságua na cidade homônima, no extremo sul da Bahia, será debatida nesta segunda-feira (21), às 14 horas, na Câmara de Vereadores do município. A audiência pública intitulada “O rio Mucuri precisa viver: Enquanto o rio viver, o homem será imortal”, foi provocada pela Câmara de Juventude do extremo sul, coordenada por Neuzivan dos Santos, e chamada pela Frente Parlamentar Ambientalista da Bahia, presidida pelo deputado estadual Marcelino Galo (PT). Neuzivan dos Santos destaca que é necessário um entendimento por parte das empresas que têm no Rio Mucuri fonte de água para manutenção de sua produção, tanto industrial quanto agrícola, que o Rio "precisa urgentemente de um repensar no que tange a sua sobrevivência hídrica". Ele aponta ainda, por exemplo, que a captação de água feita pela Suzano Papel e Celulose tem contribuído para o assoreamento e poluição do rio e preocupado a população ribeirinha que depende do manancial para sobreviver. Além da Suzano Papel e Celulose, ele acrescenta que a usina hidrelétrica Santa Clara, da Queiroz Galvão, também se beneficia do rio Mucuri, que também é responsável pela irrigação da produção agrícola na região, como no caso da forte cadeia produtiva da fruticultura.
“O rio está num estado crítico. A Suzano sozinha é responsável por retirar por dia 75% da demanda de toda água do rio, comprometendo não só a própria vida do rio Mucuri, que já sofre com o assoreamento, mas também com a poluição quando a água é devolvida ao Rio, exterminado a fauna aquática e deixando o Rio Mucuri quase impróprio para o consumo humano na parte baiana”, observa Neuzivan dos Santos, ao informar quer o rio atende hoje uma demanda de 2.880 litros de água por segundo, mas que sua capacidade é de no máximo 2.700. “Só a Suzano consome 2.160 litros de água por segundo de toda água retirada do Rio Mucuri por dia”, ressalta. O deputado Marcelino Galo, que participou recentemente da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP21, em Paris, ressalta que é importante ouvir a população, as autoridades locais, observar o estado do rio e tomar medidas que possam recuperar e preservar o manancial.
“É uma audiência pública importante para que possamos ouvir a população, as autoridades locais, representantes das empresas e a comunidade acadêmica que estuda os impactos no rio para ver que medidas devem ser tomadas no sentido de recuperar e preservar o rio Mucuri. Não podemos continuar a desprezar nossos recursos hídricos, sobretudo num momento em que a sociedade vive a escassez e não sabe, ainda, as consequências das mudanças climáticas sobre o homem e a natureza", afirmou.
Também vão participar da audiência pública o deputado estadual e membro da Comissão das Águas de Minas Gerais, Jean freire (PT), representantes da Agência Nacional de Águas, da Colônia de Pescadores, da Secretária Municipal de Meio Ambiente, da Câmara de Vereadores e das empresas citadas. Com 446 km de comprimento, o rio Mucuri nasce no nordeste mineiro e deságua no sul baiano.