Na contramão da folia momesca contemporânea, o Bloco do Galo arrastou uma multidão estimada, segundo os organizadores, em 4 mil pessoas até o Campo Grande, na Mudança do Garcia, ao som de marchinhas e frevos tradicionais, além de protestos contra a mercantilização do carnaval e o extermínio da juventude negra em Salvador. Tradicional no desfile, o Bloco do Galo se consolidou como o maior da Mudança do Garcia em seu sexto ano na rua fazendo contraponto a privatização dos espaços públicos na capital durante a folia momesca. É marca do bloco histórico, idealizado pelo deputado estadual Marcelino Galo (PT), a presença de foliões da esquerda política baiana, que protestam com irreverência e endossam as críticas do parlamentar contra o apartheid social, a discriminação e preconceito também durante o carnaval.
"Carnaval é o momento de confraternização, de alegria, mas também de reafirmação das nossas pautas históricas e criticas aos valores sociais hegemônicos presentes na sociedade, que persistem, inclusive durante o carnaval, com discriminação, preconceito e exclusão. Aqui na Mudança do Garcia viemos para confraternizar, mas, sobretudo, para criticar esses valores do apartheid, da mercantilização da festa popular e ratificar nossa luta contra o extermínio da nossa juventude pobre e negra", afirmou Galo, que estava acompanhado de foliões com cristas na cabeça e de um boneco em formato de Galo, que animou o desfile. Com o slogan “Madeira que cupim não rói”, o Bloco do Galo homenageou neste ano o compositor e instrumentista Capiba, o mais conhecido compositor de frevo do Brasil.