As ocupações são atividades da jornada anual de luta em protesto contra o processo de estagnação da reforma agrária no Brasil e para denunciar o descaso dos poderes públicos baianos e nacionais em relação aos efeitos da seca.
Estão envolvidos nas manifestações o Movimento dos Acampados e Assentados e Quilombolas da Bahia (Ceta), o Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), a Pastoral Rural, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), a Articulação Estadual de Fundos e Fechos de Pastos, Povos Indígenas e Quilombolas. O deputado estadual Marcelino Galo (PT), foi convidado pelos manifestantes para intermediar as negociações entre eles e os governos estadual e federal. O parlamentar já se encontra na região do Vale do São Francisco com assessores do mandato na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba).
“Estamos na sede da Codevasf para participar das negociações com os membros dos movimentos sociais e de luta pela terra. A intenção é solucionar esse impasse sem maiores problemas. Vamos acompanhar as ações no interior e avançar na política de Reforma Agrária, ‘que sofre duros golpes com a edição de portarias e instruções normativas que sepultam qualquer promessa de distribuição de terras aos trabalhadores rurais no Brasil’”, pontua Galo. Os protestos dos movimentos sociais acontecem em quatro regiões da Bahia: Ubaitaba, Bom Jesus da Lapa, Senhor do Bonfim, Ponto Novo e Cícero Dantas. Lá foram ocupadas também as BR’s 110 e 116. A primeira liga os municípios de Ribeira do Pombal e Cícero Dantas, e a segunda as cidades de Tucano e Euclides da Cunha.
A coordenação do Ceta informa, por meio de manifesto, que as atividades vão continuar em outras regiões da Bahia e que o assunto da reforma agrária precisa voltar para a pauta de negociações tanto do governo federal quando do estadual. “Não aceitamos que a política Nacional de Reforma Agrária seja equiparada às medidas emergenciais do Programa Brasil sem Miséria. Ela deve ser tratada como elemento estratégico de um projeto de desenvolvimento econômico e social para o campo brasileiro. Nosso país não pode pensar seu desenvolvimento apenas pela ótica do agronegócio. Na Bahia, dos R$ 63 bilhões de investimentos públicos e privados previstos para ocorrer entre 2013 e 2015, 65% do total estão alocados nos setores de energia, mineração e papel-celulose”.
De acordo com a membro da comissão de negociação, Nólia Oliveira, a estiagem na Bahia já dizimou quase todo o rebanho. “Fora isso, lutamos também contra a desmontagem da reforma agrária, que recentemente foi equiparada à medida do Programa Brasil sem Miséria. Contestamos ainda a aposta governamental no desenvolvimento excludente baseado na exploração mineral, no agronegócio, na monocultura de eucaliptos, em grandes obras de infraestrutura para exportação de matérias-primas, estádios de futebol e, por fim, a fragilidade do apoio à produção de alimentos da agricultura familiar e reforma agrária”, completa.