A implementação destes investimentos exige ampliação da quantidade de Engenheiros, elaboração de projetos e o surgimento de novas empresas. Infelizmente, este processo não é imediato, levará algum tempo para que possamos construir uma parte daquela que já foi uma das melhores engenharias consultivas e de obras do mundo. E, aos profissionais de engenharia na Bahia agrega-se a responsabilidade de fortalecer um sindicato que comemora este ano 75 anos.
Sem dúvida, é enorme o desafio pela frente, porque também é hora de aprofundar a qualidade do esforço fiscal, no momento em que a continuidade da queda das taxas de juros economiza encargos e abre espaço para a racionalização e suavização da carga tributária. Isso é condição imprescindível para a execução dos investimentos em infraestrutura, para o Brasil crescer, pondo em prática vários planos e anseios dos engenheiros devidamente comprometidos com o progresso sustentável das cidades e a divisão espacial do território.
Não há dúvida que investimentos em infraestrutura – prioritariamente energia e sistema viário – precisam ser acelerados. Para isso, além da poupança pública, é decisiva a participação do setor privado. O investimento em infraestrutura tem grande impacto no mercado de trabalho e renda. Este quadro provocará um aumento da demanda por profissionais qualificados.
No Brasil apenas 9% dos estudantes que são graduados nas universidades é da área tecnológica, enquanto na China é 66% e na Coréia do Sul, 55%.Ubiratan Félix[/caption]
Neste ponto encontra-se uma das nossas maiores dificuldades para implementação destes projetos, pois nos últimos 25 anos o setor de Engenharia (principalmente na área de projetos) foi desmontado, diversas empresas fecharam, equipes foram desconstituídas, profissionais se aposentaram, alguns mudaram de ramo de atividades e principalmente não houve renovação dos quadros técnicos.
No Brasil apenas 9% dos estudantes que são graduados nas universidades é da área tecnológica, enquanto na China é 66% e na Coréia do Sul, 55%. Este quadro foi provocado pela política neoliberal que desmontou o Estado Brasileiro, na crença de que os investimentos de infraestrutura seriam realizados apenas pelo setor privado.
É preciso entender que a inovação tecnológica é a mola propulsora da criação de dinamismo e de capacidade de competir dos sistemas nacionais, como fazem os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento que estão logrando dominar a terceira onda de progresso industrial e tecnológico. As nossas bases empresariais e de engenharia exibem excelência em certos campos e isso deve servir de ponto de apoio para a construção de sinergias e para a busca de especializações competitivas visando à captura das janelas de oportunidade.
Não é preciso dizer que esse desafio requer a intensificação da formação de engenheiros e de cientistas aplicados em várias esferas de conhecimento, assim como a nossa organização em entidades representativas que lutem pela valorização profissional e defesa do desenvolvimento tecnológico nacional, como tem se pautado o Sindicato dos Engenheiros da Bahia na sua trajetória junto à categoria.
Essas são condições essenciais para o desenvolvimento que tenha a inovação tecnológica e o avanço científico como eixos estratégicos. Para que seja também socialmente inclusivo, distribuído regionalmente, gerador de empregos qualificados, de oportunidades empresariais e ambientalmente responsável. Desenvolvimento que sinalize um horizonte promissor para a nossa juventude, que seja culturalmente afirmativo e estimulador da extraordinária criatividade do povo brasileiro. Desenvolvimento que signifique, nas palavras do grande pensador Celso Furtado, a retomada da “construção interrompida” de uma nação soberana, próspera, mais fraterna e menos desigual com os seus filhos.
Nestes 75 anos de existência do Sindicato dos Engenheiros da Bahia, reafirmamos o nosso “Compromisso com a Engenharia e o Brasil”.
*Engenheiro Civil Ubiratan Félix Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato de Engenheiros da Bahia
Professor do IFBA