A sessão especial em comemoração aos 70 anos da Universidade Federal da Bahia, celebrados no dia 2 de julho, tornou-se, nesta quinta-feira (12), um tributo à democracia no plenário da Assembleia Legislativa da Bahia. O evento, proposto pelo deputado estadual Marcelino Galo (PT), teve a participação do ex-governador Roberto Santos, filho do fundador da UFBA em 1946, professor Edgar Santos, do reitor da instituição, João Carlos Sales, do vice, Paulo Miguez, do secretário da Cultura do Estado, Jorge Portugal, do Ouvidor Geral do Estado, Yulo Oiticica, do reitor da Universidade Federal do Sul da Bahia, Naomar Almeida, da ex-reitora da UFBA, Dora Leal, de estudantes, professores e ex-alunos. Galo destacou o protagonismo da universidade nos debates sobre a conjuntura política e econômica nacional e ressaltou a importância do uso reflexivo dos espaços universitários tanto para produção científica e cultural quanto para enfrentar o período de perdas de direitos e conquistas sociais com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
“Em momentos de tentações autoritárias, em momentos de intervenção arbitrária, se faz ainda mais necessário a afirmação da inviolabilidade da autonomia universitária, e esta autonomia só é possível no regime democrático”, discursou Galo, que exaltou o papel fundamental do professor Edgar Santos. “Na Bahia da metade do século XX, um homem conseguiu personalizar o espírito de seu tempo. Este homem foi o reitor Edgard Santos, um baiano cuja visão antecipava o futuro e possibilitou que a Bahia desse um salto cultural e científico sem paralelo em nossa história desde a chegada da corte portuguesa em nossa terra”, destacou Marcelino.
Carlos Marighella, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Glauber Rocha e Wagner Moura foram lembrados como personalidades culturais e políticas forjadas na Universidade Federal da Bahia que não se furtaram em defender a democracia. “A gente tem uma universidade que é excelente, que tem excelência cultural, e que em diversos momentos não se furtou de expressar sua opinião política e demonstrar de que lado nós estamos. Nós somos contra o golpe”, afirmou a estudante da Faculdade de Direito da UFBA, Lorena Brandão, que ingressou na instituição pela política de cotas instituída no governo Lula. “Sonhamos com as liberdades democráticas, sonhamos com a universidade pública gratuita, inclusiva. A UFBA, desde sua origem, é esse projeto de universidade. Ela é, desde sua origem, irrigação e multiplicação de saberes. É esta procura de invenção constante. É um espaço especial de combate às formas de autoritarismo, um espaço especial de resistência e de autonomia”, pontuou o reitor da Universidade, João Carlos Salles.
No evento, um vídeo com o depoimento de alunos, professores e ex-alunos, como Caetano e Gilberto Gil, foi exibido no plenário. Apresentações musicais do Madrigal e da Filarmônica da UFBA, com regência dos maestros José Maurício Brandão e Celso José Benedito encantaram o público antes e durante a atividade. No salão nobre, a exposição de livros da editora EDUFBA também atraiu a atenção dos leitores.
Também participaram o reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), Renato Brandão, a presidente da Academia de Letras da Bahia, Evelina Hoisel, da Cônsul Geral de Cuba no Nordeste, Laura Pujol, o diretor do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia, Flávio Gonçalves, representantes de movimentos estudantis, sindicais, personalidades civis e militares.